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terça-feira, 10 de maio de 2011

Vida dinâmica em idade celestial

                                                              Foto: Amparim Lakatos                                                            
Maria Celeste

Cada pessoa tem a sua velhice singular. Quando uma pessoa se torna velha? Nascida no Pantanal, na Zona da Nhecolândia e registrada no município de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, Maria Celeste Vale do Espírito Santo, 78 anos, (foto) mora sozinha e trabalha. Celeste é uma entre os milhares de idosos que sobrevivem entre as diferenças existentes com alegria e força de vontade. Afinal, o que determina a velhice? É o declínio orgânico ou são as maneiras pelas quais as outras pessoas passam a encará-las, que as confinam num reduto denominado Terceira Idade?
Uma pesquisa internacional de saúde Bupa Health Pulse 2010 revela o surgimento de uma geração que ainda se sente jovem e saudável aos 70 e 80 anos.
O Brasil possui cerca de 19 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o que representa mais de 10% da população brasileira, de acordo com dados de pesquisa realizados em 2005 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além de viver mais, os idosos brasileiros também obtiveram melhoria da renda nos últimos dez anos. Mais de 80% das pessoas acima de 60 anos ganham ao menos um salário mínimo e a grande maioria recebe aposentadoria e pensões.
Mas, apesar de estarem aposentados, muitos idosos continuam no mercado de trabalho. Segundo o IBGE, quase seis milhões de pessoas com mais de 60 anos trabalham, representando 30,9% do total. Mesmo na população com 70 anos, o percentual é significativo: 18,4% têm atividade remunerada. Celeste está nesse meio e tem orgulho de dizer que tem uma agenda cheia de compromisso.

“Sem muitos sacrifícios, uma vida média e boa”
Caçula de onze irmãos, Celeste veio para Campo Grande pequena e iniciou seus estudos primários na Escola Joaquim Murtinho, depois passou para o Colégio Nossa Senhora Auxiliadora e concluiu seus estudos no Rio de Janeiro. Voltou para a Capital e prestou um concurso nos Correios, sendo classificada em terceiro lugar. Depois passou no vestibular para Filosofia na antiga FUCMAT (hoje UCDB), que habilitava também em Letras.
Passado algum tempo, Celeste e uma amiga resolveram fundar uma escola. “Foi a coisa mais gratificante que aconteceu em minha vida, fundamos o CEC – Centro de Educação e Cultura era na Rua Antônio Corrêa, próximo a Rui Barbosa. Por isso pedi para sair dos Correios e me dedicar à minha escola. Até hoje encontro ex-alunos que me agradecem por ter recebido a base educacional conosco. Assim continuei minhas atividades, ajudei a fundar o Centro de Cultura Inglesa, e também na estruturação do Colégio Pequenópolis dando aula de música e matemática”.  Maria Celeste afirma que teve uma vida média, boa e sem muitos sacrifícios.

Agenda cheia durante toda semana
Celeste recebe hoje uma aposentadoria pelo INSS, mas não parou de trabalhar. “Só a aposentadoria do INSS não dá pra sobreviver”. Dirige seu carro, e tem inúmeras atividades. É consultora de produtos naturais de uma multinacional japonesa, a ANEW, com sede em Tóquio. É “embaixadora da esperança”, desenvolve atividades na Fazenda Esperança, com sede em Guaratinguetá-SP para recuperação de drogados. Faz ações beneficentes para ajudar as pessoas que moram na Fazenda Esperança, é rotariana e ministra da Igreja Nossa Senhora de Fátima. “Fui convidada para ser ministra, fiz um compromisso, e compromisso é juramento. Ajudo no que precisar, não só na missa, na distribuição da comunhão, levamos a comunhão também aos enfermos e atendemos os familiares de falecidos. Ah ainda faço atividades físicas como  Pilates e Tai Chi Chuan, excelentes para a memória “.

“Moro sozinha, com Cristo e Maria”.
“Deus foi bom comigo, fui noiva de aliança, mas desmanchei o noivado, porque a inteligência nos foi dada para ser aproveitada, eu achei que não ia dar certo, que o meu pretendente não era pra mim e eu terminei o compromisso. Tive uma vida realizada e não precisei estar casada, fiquei solteira por opção e não tive filhos”, ri.
Dos irmãos de Celeste, restou apenas um, que mora em Dourados. “Não me sinto sozinha nunca, não sei dizer ao certo mais tenho muitos sobrinhos, sobrinhos netos, bisnetos e tataranetos. Recebo muito amor e carinho de todos eles, não cozinho em casa sempre almoço com algum deles”.
Maria Celeste vai completar 79 anos em setembro. Afirma que não vai parar de trabalhar. “A pessoa tem que trabalhar, tem que sempre fazer alguma coisa, pois o que manda é a cabeça, não posso esmorecer fisicamente, por isso faço também a Estácio Sênior, um curso para a maturidade, estou adorando, aprendendo muitas coisas novas e fazendo muitas amizades”.
Esbanjando disposição, Celeste deixa uma mensagem para todas as pessoas de sua idade: “Amai-vos uns aos outros. Dai de si, antes de pensar em si. Tenham Fé, amem seus irmãos, aprendam a fazer amigos e saibam serem amigos e trabalhem, sejam e sintam-se alguém, assim nunca estarão sozinhos, e sim vivendo com Cristo e Maria como eu”.


 Amparim Lakatos

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